segunda-feira, novembro 17, 2003

Help me to build - Final


Voltava da escola, mãos dadas com Nadine, quando avistei fumaça vinda de minha casa! Corri, como minhas pernas permitiam, mas não a tempo de evitar o desastre. Uma vez mais mue santuário era queimado e uma vez mais as lágrimas me impediam de agir. Nadine chegou-se a mim, abraçando-me e me dizendo que podíamos fazer tudo de novo, só que agora juntos. Mas ela não entendia minha dor, nem meu segredo:
- Não, Nadine, nada pode ser feito. Não enquanto aqueles malditos empestearem o ar por onde passam com suas vidinhas patéticas. Eu vou me vingar e nada vai me impedir! NADA!!!!
- Max, acalme-se! Isso não leva a lugar nenhum, você bem sabe.
- Se você não me apóia, você está contra mim! SUMA!
- Mas...
- Sem mas!!! DE-SA-PA-RE-ÇA!!!
E às lágrimas ela me abandonou, muito mais por medo do que pelo ódio que eu julagava que ela sentisse. Só então percebi que meu anel brilhava mais do que o comum. Mas, tomado pelo ódio e pela obstinação, fui ao "Clube", onde meu rival reunia seus amigos para beber e fumar às escondidas. Não havia em mim qualquer traço de humanidade; eu era uma besta ensandecida:
- Saia agora daí, seu animal! Você vai pagar pelo que fez!
- Qualé, manezão. Só porque eu queimei a sua casinha gay você vai estressar? Constrói de novo, que eu vou lá e queimo.
Apliquei-lhe um direto de direita tão forte que dois incisivos voaram em pleno ar. Quando ele caiu, chutei-o muitas e muitas vezes; sentindo minha mão queimar conforme a sede de sangue aumentava. Eu podia matá-lo, eu queria matá-lo e assim eu o faria se uma doce voz não me impedisse:
- Max! Pare! Você já provou o que queria, venha comigo e esqueça esse maldito.
Reconstituído de minhas faculdades mentais divisei que Nadine estava certa e que aquilo não valia a pena. Beijei-a longamente e, de mãos dadas, voltamos à minha casa.
Chegndo lá, qual não foi meu espanto ao meu meu castelo inteiro, como se nada houvesse acontecido, olhei atônito para Nadine e então entendi:
- Era você?
- Sim meu amor. Eu lhe dei o anel para selar nossa união. Agora venha comigo para dentro e deixemos esse maldito mundo para trás.
Entramos e eu pude ouvir a porta batendo atrás de mim para nunca mais se abrir. Enquanto íamos ao nosso quarto, eu via e sentia as chamas consumirem as paredes mais uma vez. Mas nada disso importava agora, pois eu seria feliz, e para sempre.
Help me to build - Part II


O verbo dito por aquela jovem ecoava em minha mente como os acordes poderosos de uma melodia hipnótica. Inconsolado com as pessoas e abandonado por todos os raros amigos à solidão; resolvi investir tudo em meu castelo. Faltava aulas, não comia, dormia apenas quando o corpo não mais aguentava o cansaço. Em pouco menos de um mês tinha em meu sntuário com o dobro do tamanho e muito mais bonito do que quando ele fora reconstruído daquela forma estranha.
Tudo estava perfeito e a felicidade ameaçava instalar-se novamente em meu coração. Chegava de mansinho buscando um lugar e, num dia de sol enquanto eu trabalhava, ela tomou forma:
- Olá! É um belo trabalho esse que você está fazendo. Alguém na tua idade dificilmente conseguiria fazer o que você faz.
Virei-me e jamais esquecerei o que minhas retinas registraram. Ela era linda, tinha os cabelos totalmente brancos e olhos de um negrum einacreditável. Seu sorriso encantador demonstrava que seu elogio era verdadeiro:
- Assim eu fico sem jeito, nunca elogiaram meu trabalho. Quer conhecer o itnerior? A propoósito, me chamo Max.
- Nadine. E seria um prazer conhecer tão bela obra.
Caminhamos pelos corredores criados por minhas próprias mãos e fui apresentando e contando cada segredo escondido nos cômodos. Nadine retornava todos os dias ao castelo e líamos, ríamos ou simplesmente éramos felizes. A companheira que meu lar tanto esperara havia chegado.
À insistência de meu amor, voltei a ter vida social. Frequentar a escola e outras inutilidades do gênero. Uma vez mais eu era incomodado pelos valentões. Agora mais ainda, pois a presença de Nadine ao meu lado chamava muito a atenção de meusupostos inimigos. Fazia-me de superior e não dava a mínima. Até agora.

segunda-feira, novembro 03, 2003

Help me to Build - Part I


Fui uma criança solitária e não conheci sequer o aconchego e a segurança dos braços de meus pais. Os deuses negaram-me tudo o que é necessário ao bom desenvolvimento de uma criança. Por conta disso, alicercei-me por minha conta e risco. Construí, aos fundos de minha casa, o meu lugar secreto. O refúgio ante todas as dificuldades e torturas que só quem sobreviveu à adolescência conhece.
Enquanto os de minha idade preocupavam-se em namorar e desposar lindas jovens eu apenas construía, aumentava meu refúgio, na esperança de um dia não mais ser sozinho. Criava cômodos, quadros, móveis. A espera de uma companheira imaginária que, meu coração sabia, não iria jamais chegar.
Eu era feliz alimetando minhas fantasias, até que sobreveio a desgraça. Seguido por meus algozes do colegial, fui amarrado à entrada de meu santuário e aenas assisti, imóvel e aos prantos, enquanto tudo era destruído, violado e por fim queimado; ao som das gargalhadas dos malditos. Por horas gritei e implore, sem resultado, que me deixassem sair. Só fui libertado à noite, por uma bela jovem que enxugou minhas lágrimas e se foi, abandonando-me.
Em desepero tentava salvar do fogo pedaços de meu lugar, inutilmente. O sangue brotava de meus pulsos e jurei, por minha honra, reparar meu santuário e fazer com que os malitos pagassem. Trabalhei varando a noite e adormeci sob o calor das chamas que consumiam como que pedaços de mim.
Acordei com o som de uma voz doce a sussurrar meu nome. Levantei-me em um átimo e qual não foi minha surpresa ao ver meu santuário em pé, inteiro, como sempre esteve desde sempre. Indageui como aquilo fora possível e a jovem, de cabelos brancos e olhos negros, respondeu-me:
- Aceite meu presente e construa...
Suas mãos portavam um anel, que brilhava como que me chamando. Tomei-o e um clarão surgiu, ofuscando-me. Quando recuperei a visão, a mulher não estava mais lá. E o anel estava em meu dedo.